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Fabio Ornelas

Há quem diga que a tecnologia tem feito com que as pessoas se encontram cada vez menos.  Mas também há quem diga que ela tem o poder de aproximar. Quando o tema é corrida, a tecnologia tem sido uma importante ferramenta para encurtar a distância entre treinadores e atletas. O treinamento à distância tem sido cada vez mais comum. O treinador Fábio Ornelas, de São Paulo, está de malas prontas para acompanhar quatro de seus atletas na Maratona da Cidade do México, em 25 de agosto.

Os quatro corredores moram no México e recebem as planilhas de treino através do aplicativo SisRUN. Três deles são mexicanos e vão estrear na distância. Foram encaminhados à corrida por Marcelo Udo (na foto acima), atleta de Fábio Ornelas, que morava em São Paulo e em 2017 mudou-se para Guadalajara.

“O Marcelo treinava comigo e por conta do trabalho precisou se mudar para o México. Ele falou do desejo de correr esta maratona, sua sexta prova na distância. Ele propôs ao grupo seguir os treinamentos à distância e falamos semanalmente sobre os treinos. Agora chegou a hora de ir ao México apoiá-los nesta prova. Estou muito ansioso para conhecê-los e concluir este projeto da Maratona”, conta Fábio WhatsApp Image 2019-08-01 at 16.42.57Ornelas.

Marcelo Udo já tem certa experiência em provas longas. Correu cinco maratonas e um meio ironman, mas afastou-se um pouco dos treinos depois que se mudou para o México. Mas aos poucos foi fazendo novos amigos, alguns deles corredores de curta distância. Até que apareceu uma meia maratona no caminho.

“Cheguei ao México em 2017 e na bagagem, além de roupas, muita vontade de desbravar um país que até então era desconhecido para mim. Mas até me estabilizar com casa, trabalho e outras coisas, não consegui treinar bem, como deveria. Formei um grupo no Meetup para falar em português com a intenção de fazer amigos. O grupo começou modesto, mas depois de algum tempo já tinha muitos amigos de vários países. Com o círculo de amizade e a vida se estabilizando, recomecei a treinar e lembro que me inscrevi na meia maratona de Guadalajara. Retomei os treinos sozinho, mas havia alguns amigos do grupo que corriam um pouco, até 5K, e ficaram impressionados com a ideia de que eu iria correr 21 quilômetros”, conta Udo.

Com boa experiência em provas longas, aquela meia apenas mais uma simples prova na vida de Udo. Seria, mas não foi. Foi praticamente um recomeço, que serviu de inspiração para os novos amigos.

“Meia maratona não é uma novidade para mim, afinal já passei por desafios muito mais duros. Mas esta meia era diferente por alguns aspectos: era minha primeira corrida no México; meus amigos mexicanos se empolgaram com a ideia; e era uma retomada das corridas depois de algum tempo meio distante. Então contatei o Fabinho – Fábio Ornelas – e perguntei se dava para fazer um acompanhamento à distância. Ele aceitou o desafio e aqui estamos. Meus amigos sempre acompanhando as corridas foram se animando cada vez mais, sempre me perguntando. E com o maior prazer do mundo fui os ajudando.  Até que um dia os meus amigos me disseram que queriam fazer uma meia maratona. Pensei: Por que não?”

E assim, Marcelo Udo, treinaram juntos por quase três meses e foram à Cidade do México para a meia maratona. Marcelo conta que a experiência e o resultados foram recompensadores. Ele viu seus amigos inteiramente à vontade com a corrida.

“Depois disso eles se soltaram e como pássaros que abandonam o ninho, assim que aprendem a voar, cada um buscou seus objetivos de corrida”, conta Marcelo.

Abandonaram o ninho, mas não a amizade e a paixão pela corrida, compartilhadas nas redes sociais. E este ano o grupo estará junto mais uma vez para um novo desafio: a Maratona da Cidade do México. Assim como antes o veterano é Marcelo Udo e outros três, estreantes. Em comum, desta vez, o treinador Fábio Ornelas.

“Hoje vivemos em cidades diferentes, mas vejo a dedicação de todos no nosso grupo de WhatsApp. Um acaba animando o outro com as mensagens e as fotos dos treinos. Agora temos um coach, porque o Fábio está treinando não só a mim, mas a todos, enviando planilhas e incentivos. Estou muito feliz por que todos estão treinando e fazendo o que gostam, que é correr. Eu olho, observo e admiro!”, conta Marcelo Udo, feliz por todo o grupo e torcendo por um final feliz e para que os amigos sigam correndo e espalhando por aí o vírus da corrida.

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Luis e Nancy

Seguir correndo é o que quer Luis Ángel Aguilar, de 26 anos.  Ele começou a praticar corrida em fevereiro de 2018, depois de ver duas amigas correndo a Meia de Guadalajara. Luis conta que ficou impressionado com toda a atmosfera que cercava a prova, mas principalmente com a cara de emoção e satisfação das amigas corredoras ao completarem os 21K.

“Querer experimentar esse sentimento foi determinante para me motivar correr. Então comecei e cheguei até aqui, perto de correr minha primeira maratona e romper todas as barreiras que eu possa encontrar no caminho. Minha motivação vem do desejo de provar a mim mesmo que eu posso fazer qualquer coisa que eu me proponho fazer, mas vem principalmente da minha família e dos meus amigos. Eu lembro muito de uma frase que escutei nesta jornada: “Quem faz uma maratona está destinado a fazer grandes coisas”. E eu quero fazer grandes coisas na minha vida. E já tenho feito, como viver a experiência de treinar para uma maratona. É algo como uma maravilhosa maldição, em que você sente dor e satisfação ao mesmo tempo!”

A escritora Nancy Oviedo, de 29 anos, conheceu a corrida em um momento conturbado de sua vida pessoal. Hoje já pensa em viajar mundo desfrutando do poder da modalidade.

“Conheci a corrida em um momento em que andava deprimida por conta de minha separação e decidi fazer algo para me sentir melhor. Afinal, eu não podia ficar em casa chorando o dia todo nos fins de semana. Agora adoro correr. Quero correr em Tóquio, em Buenos Aires… Sentir cada vez mais esta energia da corrida. Uma energia que faz me sentir poderosa”.

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Maira Ayala

A advogada Maira Ayala, de 32 anos, completa o grupo. Ela confessa que o excesso de trabalho estava sufocando sua rotina e encontrou na corrida, há pouco mais de um ano, uma válvula de escape. Nem imaginava que os benefícios iriam além da saúde e de uma melhor qualidade de vida.

“Alguns amigos me incentivaram a correr e como eu estava trabalhando muito e precisava mudar um pouco a rotina… Acho que a corrida melhorou minha confiança e me tornou uma pessoa melhor. Só isso já tem me motivado muito. Cada treino é uma experiência cheia de satisfação e de coisas boas, apesar do cansaço e do esforço. Já penso em melhorar meus tempos e até em correr uma prova trail”

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Jornalista, pai e corredor. Vê a corrida como uma ferramente para fazer a vida fazer sentido. Não se preocupa em ser rápido, nem com a chegada. O que importa é o caminho...

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