Aos 49 anos, o veterinário Wilson Pinotti Borgueti, de Marília-SP, acaba de escrever mais um capítulo de sua vida de corredor. Talvez o mais incrível, como ele mesmo diz. Correu sua primeira meia maratona, em São Paulo. Confira!

“Comecei a correr há uns quatro ou cinco anos para substituir o futebol, que tanto gosto. Principalmente devido ao medo de lesões, mas também pela dificuldade de arrumar uma turma boa para ‘peladas’. E pensando apenas em manter uma atividade física, comecei a correr orientado pelo Alemão (Marcos Renatto Reis) da MLF.

E como todo começo, não foi fácil. Falta de fôlego, canelites… Tudo é mais complicado, mas devagar, fui pegando o jeito. As primeiras provas, de 4, 6 e 8K fazem a gente ir pegando o gosto. Depois veio 10k e a luta para fazer a distância abaixo de uma hora. Tudo conquistado aos poucos.

Mas o mais gostoso das provas é a vibe. A adrenalina antes da largada, toda a emoção do percurso e a alegria de cruzar a linha de chegada. Sem qualquer possibilidade de troféu, seja por categoria ou no geral, mas sempre disputando comigo mesmo uma melhora no tempo, forçando meus limites. Isso é o prazer da prova! E acreditem: vicia!!

Tanto que no começo do ano, eu e alguns colegas resolvemos que já era hora de um desafio maior, a meia maratona. Passamos a ideia para o Alemão, que desde então adaptou os treinos para que chegássemos preparados. Houve uma mudança no meu comportamento também. Comecei a treinar mais sério, fazer os longões de fim-de-semana, algo que era raro. E até cuidar da alimentação, principalmente nesses últimos meses já perto da prova.

Acordar de madrugada no fim-de-semana para treinar 15,16 ou 18k, exige determinação sua e compreensão da mulher, que às vezes reclamava da minha ausência. Mas tudo faz parte de um objetivo maior. E então chegou a hora de por à prova o esforço de um semestre inteiro.

Eu e alguns colegas de corrida saímos sábado de madrugada de Marília rumo a São Paulo para uma experiência incrível: a meia da SP City Marathon. Uma van cheia de sonhos. Cada um com seu objetivo, mas todos ansiosos, num clima muito gostoso. A viagem foi super tranquila e chegamos com tempo suficiente pra retirar os kits, fazer fotos, compras e, principalmente, ir entrando no clima da corrida que seria na manhã seguinte. Dormir já foi um pouco mais difícil, por que você sabe que precisa descansar, mas a cabeça demora a obedecer.

E o domingo chegou.., Quatro da manhã pulamos da cama, nos trocamos rapidinho, tomamos café e fomos para o Pacaembu. Lá, tudo é incrível. O número de pessoas, a adrenalina, não tem como não ficar ligado.

Dada a largada, a primeira dificuldade é não tropeçar em outros corredores. Depois é acertar o ritmo e seguir adiante. Quilômetro a quilômetro fui avançando até chegar na 23 de maio. Aí o bicho pegou… uma subida leve mas constante de quase três quilômetros, que me fez ficar um pouco atrás dos meus amigos. Mas segui tranquilo. As músicas, as pessoas nas calçadas e até os fotógrafos nos animam a seguir e isso ajuda muito.

wilson mlf1Saindo do último túnel, que estava bem quente, a gente se separou daqueles que iam fazer a maratona. Faltava apenas um quilômetro pra terminar. Alguém na torcida gritou pra mim: “vai, sprint final!”. Acelerei o passo e virando a esquina vi uma placa que mostrava ainda 500 metros até a chegada. Quase morri pensando nesses últimos metros, mas cheguei!

Duas horas, seis minutos e quarenta e nove segundos depois tinha completado minha primeira meia maratona. Sei que pra quem não corre, essa é uma história sem graça, nem mesmo minha família gostou muito de ouvir, mas quem já fez qualquer provinha vai entender a alegria de uma linha de chegada. Meses de treino resumidos em pouco mais de duas horas de prova. Mas a satisfação comigo mesmo é indescritível! Prova terminada, medalha no pescoço, dores pelo corpo, mas contente. Missão cumprida!

Na viagem de volta, em vez de pessoas cansadas, dormindo, havia pessoas felizes contando seus momentos durante a prova e mais, já fazendo planos para uma próxima. Meus amigos já começaram a por na minha cabeça uma maratona para o ano que vem, mas essa é outra história, quem sabe…”

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Jornalista, pai e corredor. Vê a corrida como uma ferramente para fazer a vida fazer sentido. Não se preocupa em ser rápido, nem com a chegada. O que importa é o caminho...

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