Miriam Suzana Moretti, de 52 anos é formada em Administração, Pedagogia e Licenciatura em Matemática, tem três filhos e três netos. Há dois anos faz parte da MLF Assessoria Esportiva, com base em Marília-SP.
Como mora em Garça, Miriam recebe a planilha pelo SisRUN e semanalmente dá seu feedback ao treinador Alemão. Confira o depoimento da avó do João Renato, da Mel e da Duda.
“Não sei se comecei tarde, mas comecei! E cá estou uma corredora, porém amadora! Após ter ficado 10 anos dentro de uma academia fazendo Power Jump, resolvi mudar. E como sempre gostei de atividades aeróbicas, experimentei correr. Mas quando fui para a rua senti muitas dores nos pés, por que a mudança foi enorme entre um trampolim e o asfalto.
Mas quando vi a liberdade, a paisagem, o esporte, a terapia… ahhh, aquilo se juntou num só sentimento: paixão! Que também é um vício, por que quando vi já havia sido picada pelo bichinho do tênis, das meias de compressão, do pace, etc
Lógico que não é nada fácil, por que tudo requer muita disciplina, reeducação alimentar, conciliação de trabalho, família… Temos que encarar o clima – já corri 10k debaixo de chuva – enfrentar mal humor por ter de madrugar para treinar. Aí vem aquela velha pergunta: ‘o que estou fazendo aqui em pleno domingo de madrugada?’. E tem aquela: ‘essa é a última inscrição que eu faço’.
Massss, depois que cruzo a linha de chegada e vem aquela explosão de emoção, de prazer, de alegria! A adrenalina toma conta como se eu estivesse representando o Brasil numa prova internacional. Sabe aquela sensação de ver o Ayrton Senna vencendo uma corrida? Aquela emoção de ver o Brasil vencer um jogo na Copa? Tipo isso! Então meu corpo agradece com essa liberação em forma de bem-estar, de saúde física e mental. Pouco me importa o pace, se vou ao pódio ou não… Espera aí… Pódio? É uma explosão de superação própria quando vou ao pódio na minha faixa etária e recebo um troféu!
Então dedico o feito ao meu esforço próprio para estar ali. E assim, diante de tantas dificuldades e problemas do dia-a-dia, já são nove troféus e 27 medalhas.
E isso envolve muito suor e orgulho próprio, por que sofri uma lesão no pé e fiquei cinco meses sem conseguir treinar. Mas aí a MLF entrou com tudo e fez a diferença. Ter um treinador como o Alemão foi crucial nesta recuperação, pois ele acompanhou muito de perto, como deve ser em uma grande família. Aliás, fiz muitos amigos na assessoria e isso fez toda a diferença, por que sem isso eu teria abandonado o esporte.
E então vem a evolução, ressurgindo das cinzas. Mesmo com poucos treinos, após a lesão, eu estava inscrita na Meia Internacional do Rio de Janeiro, no ano passado. Lá fui eu, quase sem treinar. Um desafio e tanto que me fez perguntar de onde vinha tanto prazer, tanta honra em correr. Aquela paisagem, o calor humano… que delícia!
Os arrepios na largada e quando percebi estava no Km 15. Eu não podia acreditar, por que várias vezes achei que ia conseguir completar a prova. Cheguei aos 19km exausta e o cansaço bateu. Lá em cima um sol para cada um! Só faltavam dois quilômetros. Pareciam 50!
Aí apareceu uma senhora, maratonista carioca que decidiu me escoltar e decidimos que correríamos no sol e andaríamos na sombra das árvores. De repente veio a linha de chegada mais maravilhosa que eu cruzei até hoje. Juntos vieram o choro, o prazer e a alegria de ter conseguido.
Eu havia vencido todos os obstáculos até ali e apesar do meu tempo não ser um dos meus melhores, terminei dentro do prazo máximo para receber a medalha de 21K!
Comecei correndo provas de 4K, passei pelos 5, 6, 7, 8, 10, 12, 15 e 21K. Um total de 1.554Km em dois anos de corrida.
Em cada uma dessas provas renovava os meus estímulos, minhas energias no esporte, além das amizades e companhias que eu arrumo em cada uma delas. Vi muitos amigos que terminavam suas provas e voltavam para incentivar os que ainda estavam por chegar. Sabe, dar aquela moralzinha! Mas também há aqueles que param de correr para socorrer quem leva um tombo ou passa mal. Tudo isso faz valer à pena.
O desafio agora é outro. É correr uma prova no exterior. Não sei ainda se na Argentina, no Chile, em Dubai ou na Europa. Mas este é um capítulo que ainda vou escrever nessa minha história!”