A jornalista Thaiara Silva, de Aracaju-SE, começou a correr de um jeito, digamos, meio torto. Confessadamente afoita e agoniada, e sem acompanhamento especializado, acabou se lesionando e passando por cirurgia. Mas precisou sofrer um pouco mais para entender a diferença entre sair para correr e treinar. Hoje, aos 25 anos, sonha correr uma das maratonas mais duras do Brasil. Confira!

“Lembro como se fosse hoje: fumante aos 20 anos e sedentária. Correr? Só se fosse em outra vida. Mas em meio a uma ‘brincadeira de aposta’ eu resolvi me inscrever em uma corrida de rua. E foi aí que tudo mudou.

A sensação de início era de que nunca mais queria saber daquilo. ‘Que nada, negócio ruim, cansativo, correr para quê? Vou ganhar o que com isso? Quero chegar logo…’ tudo isso se passava na minha mente durante a VOLTA DE ARACAJU DE 2014. Mas ao cruzar a linha de chegada, recebendo aquela medalha de participação e ouvido dos staffs ‘parabéns!’ parecia que eu tinha levado pódio. Afinal, sem treinar, foram 5km percorridos e ofegantes, então eu senti realmente que tinha vencido. Pelo menos, a primeira etapa. E foi aí que a paixão pela corrida começou.

Após a primeira corrida, por conta própria, comecei a correr pequenas distâncias e me inscrever em outras corridas. Afinal, no dia em que cruzei a linha de chegada na minha primeira corrida eu prometi a mim mesma que ali seria um trampolim para a minha mudança de vida. Não fazia a mínima ideia de que tinha que fortalecer, ter acompanhamento e principalmente: respeitar o limite de cada um. Eu? Afoita, agoniada, só queria uma coisa: correr! E aí em menos de um mês já estava fazendo 10km.

Ouvi de muitos que minha postura estava torta, que minha pisada estava errada, que minha respiração também não estava legal. Não dei ouvidos e pouco tempo depois, fui para a casa dos 21km. E nessa de meia maratona, a primeira da vida, escolhi para fazer essa estreia no Rio de Janeiro, a famosa MEIA MARATONA INTERNACIONAL DE 2017.

Ao concluir a prova senti o joelho doer, mas achei que era bobagem… Ao retornar a Aracaju, fui ao ortopedista, que imediatamente solicitou uma ressonância. Resultado: lesão do menisco grau 3, lesão do ligamento grau 3 e derrame na articulação. Passei por processo cirúrgico, várias sessões de fisioterapia. Quando achei que estava bem (e claro, o meu ortopedista me liberou para a musculação/fortalecimento) voltei a correr, de novo por conta própria. De novo lesão, desta vez tendinite patelar, pata de ganso e condromalácia patelar. Parece que eu não aprendi.

Mas aquela vontade de correr estava a todo vapor dentro de mim. No pós-operatório, ficava me perguntando quando que eu iria ficar boa para voltar a correr. A minha fisioterapeuta falava: ‘em breve’. E aí foi que comecei a seguir a cartilha de um bom corredor.

Fisioterapia, fortalecimento e agora um acompanhamento no clube de corrida. Para 2020 minha meta é a MEIA MARATONA DE BUENOS AIRES. Sim, vou para o que eu mais queria ser MEIA MARATONISTA. Não sei se devo considerar a primeira do Rio, já que foi com dor e lesão. Mas esta, ahhh.. essa é para ficar na história e na minha memória como recorde pessoal. E claro, sem dor e sem lesão. Comecei a treinar em dezembro de 2019. Até lá, disciplina.

Mas é preciso também ter foco. Já que minha semana é imprevisível. Sou produtora de três programas na tv e apresentadora de um programa agrícola. Além de ser editora de um portal de notícias e social media. Uffaaa! Como conciliar e programar meus treinos? Até parece difícil e impossível para quem está do lado de fora. Mas tento conciliar entre um compromisso e outro. Porém, sempre consigo entregar a planilha concluída e postar no grupo para o “Tio” (o nosso personal do clube Thadeu Melo Team) o famoso ‘tá pago!’.

Digo com todas as letras, que é de extrema importância ter um acompanhamento de um clube de corrida. Antes eu achava uma bobagem. Mas o clube te orienta e te ajuda a construir uma jornada linda nesse universo da corrida.

Mas não acaba por aqui, nesses seis anos (a serem completados em novembro) de corrida, o sonho de todo corredor é participar da São Silvestre. Por lá passarei no seu centenário, daqui a cinco anos. E voltar a MEIA INTERNACIONAL DO RIO e dizer passei por aqui novamente, sem dor, sem lesão. Depois disso, claro fazer a corrida que tem um dos cenários mais lindos que já vi (por foto, claro) a Uphill Marathon.

Depois disso, só peço saúde e que minha vontade e desejo nunca cesse. E que eu chegue aos meus 80 correndo como o Seu Fiel, maratonista nato daqui de Aracaju que tem 85 anos e corre muitoooo!

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Jornalista, pai e corredor. Vê a corrida como uma ferramente para fazer a vida fazer sentido. Não se preocupa em ser rápido, nem com a chegada. O que importa é o caminho...

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