“Meu nome é Edgard Cravo, tenho 49 anos, sou jornalista e moro no Rio de Janeiro e treino com a Runners Rio. Já fiz duas ultramaratonas (uma de 12 horas em que corri 91km e outra de 6 horas em que corri 53km) e 15 maratonas: Rio de Janeiro (7x), A Muralha Marathon (2x), XC Run Búzios (2x), SP City Marathon (2x), Internacional de São Paulo (1x) e Curitiba (1x), além de duas São Silvestres e outras tantas meias maratonas e distâncias no asfalto e trilha. Meu sonho é fazer a Maratona de NY e a Comrades Marathon, na África do Sul.  Mas vamos voltar 32 anos no tempo?

Minha primeira experiência com corrida foi no Estádio Célio de Barros, nos anos de 1988 e 1989. Era aluno da escola de atletismo da Suderj, orientado pelo Carlos Alberto Cavalheiro, técnico do Robson Caetano e outros. Nestes dois anos aprendi o básico de cada modalidade do atletismo, mas sempre focado em provas de 100, 200, 400 e 800 metros. Mas eu queria mais. Era um fã de São Silvestre e Meia Internacional do Rio na TV.

Como meu pai era corredor de rua e treinava todos os dias na ciclovia do Maracanã, um dia fui treinar com ele e tomei gosto pela corrida no asfalto. No primeiro treino foram seis voltas fáceis na ciclovia, o que na época dava uns 12km. Gostei tanto que larguei a pista e passei a treinar com ele.  

Em 1990, meu pai me inscreveu para a Corrida da Independência (acho que era este nome), que seria realizada na Quinta da Boa Vista. A inscrição era por meio de um cupom no jornal O Dia. Bastava preencher e colocar na urna na porta do jornal. Uma prova de 12km que largava na Av. Pedro II, descia até a Francisco Bicalho, virava para a Praça da Bandeira, seguia a Radial Oeste, subia o Viaduto da Mangueira, descia na Visconde de Niterói e pegava um retão até a Quinta.

Nada de kit e camisa. Medalha? Só para os 20 primeiros. Cheguei um pouco depois com 54 minutos aproximadamente registrados no meu cronometro. Nada de selfies ou dados do GPS para postar em redes sociais. Só meu pai na chegada à minha espera com uma laranja e água na mão e a satisfação de ter completado bem a prova. Outros tempos.

Após várias corridas de 5 e 10km ao longo dos anos, decidi, em 2008, perder o medo de longa distância. Me inscrevi para a primeira meia maratona: a do Rio. Alguns meses depois, a segunda: a Meia Internacional. Como não tinha treinador, me baseava em planilhas de revistas. Até 2011 foi assim, sempre com rendimento razoável e acima das duas horas.

Em 2012, entrei para a assessoria Runners Rio, da qual sou aluno até hoje. Neste ano também descobri a hipertensão na minha vida e tive que mudar. Mudar para poder ver meu filho crescer. Mudar para parar com a ideia de ‘correr para comer’. Passei a levar os treinos mais a sério, inseri novos hábitos alimentares e me inscrevi em mais provas.

Estar numa assessoria, com orientação adequada e planejada, e ao lado de outros corredores em busca dos mesmos objetivos, impulsionou minha paixão pela corrida. Desde então, comecei a baixar todos os tempos em todas as distâncias e tomei coragem para a primeira maratona, em 2013, no Rio. E aí nasceu o gostinho por quebrar a barreira dos 42km. Em 2018, me senti pronto para fazer uma ultramaratona. Uma, não. Fiz logo duas. Por sinal, as melhores corridas da minha vida! Mente e corpo em plena sintonia! 

Sobre a pandemia, não há quem não tenha sido impactado por ela, não é mesmo? Estava muito focado este ano em recuperar a velocidade e fazer pela terceira vez consecutiva A Muralha Up and Down Marathon e em voltar a participar de provas de trilha, que havia deixado de lado desde 2016. Mas, foram todas adiadas.

Desde o início de julho, com a flexibilização e graças a algumas provas virtuais que me inscrevi, recuperei a motivação, aquele clima de pré-treino e prova na véspera e retornei aos treinos na rua (Lagoa ou Vista Chinesa). Mas sempre de máscara, bem cedo e seguindo todos os protocolos de distanciamento necessários.

Após conversa com o meu treinador Aldo, estabeleci fazer apenas treinos curtos – de no máximo 1h30 de duração – e com boa intensidade até o fim do ano. Como não teremos provas mesmo, vou seguir sem longas rodagens e privilegiar a qualidade dos treinos, sem ficar muito tempo exposto na rua.

Sobre o SisRun, o aplicativo tem sido um bom aliado neste momento. Como a Runners Rio passou a utilizá-lo há pouco tempo, a cada treino diário aproveito a hora de dar feedback ao treinador para aprender um pouco mais sobre a ferramenta e suas funcionalidades. É um ótimo aplicativo que oferece uma variedade enorme de informações, gráficos e dados sobre os nossos treinos.

Para finalizar, em 2021 quero comemorar meus 50 anos com grandes desafios. Lógico que dependerá se teremos vacina ou não. Mas, de início, penso novamente numa ultramaratona de 12 horas, em outra de 50km e nas duas maratonas que foram adiadas (Rio e A Muralha).  Vamos ver o que vem pela frente. Um Km de cada vez. Uma das coisas que aprendi como corredor de longa distância é a ter paciência e a não querer controlar tudo”.    

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Jornalista, pai e corredor. Vê a corrida como uma ferramente para fazer a vida fazer sentido. Não se preocupa em ser rápido, nem com a chegada. O que importa é o caminho...

1 thought on “Edgard Cravo: “Uma das coisas que aprendi como corredor de longa distância é a ter paciência e não querer controlar tudo””

  1. Grande corredor
    Amigão que me inspirou a praticar a corrida de rua e a apreciar o povo carioca e a cidade maravilhosa. Um bela história de sucesso em todos os quesitos.
    Que venham muitos KMs meu caro e certamente alguns em família com o João e a Marlene 😀😀 😍😀 Abração no coração e tmj.

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