Jadson Alves, 35 anos, mora em Carangola-MG. Começou a correr na adolescência e fazia parte de um grupo de jovens que se tivesse algum apoio poderia ter dado o que falar nas pistas. Precisou deixar o esporte para toca a vida. Voltou no ano passado e já faz alguns planos para um futuro próximo. Confira!

´´Comecei a correr com 15 anos de idade, em 2003, em uma equipe chamada Papa Léguas… No começo foi difícil, já que não conseguia correr direito e sequer completava as provas. Ficava sem fôlego no meio do caminho vendo meus colegas chegarem em primeiro, segundo e terceiro lugar. E ficava pensando como eles conseguiam….

Graças a Deus, um treinador cruzou o nosso caminho. Seu lema era ´´Nosso forte é o esporte!“. Ele viu potencial em mim e pediu que eu me dedicasse mais e aos poucos fui evoluindo, passando a chegar entre os primeiros da minha categoria.

Mas o treino era pesado! Morávamos em uma comunidade chamada ´Novos tempos`, onde os treinos eram um dia no morro e no outro dia numa escadaria. Tinha ainda a pista de atletismo do estádio e as muitas estradas de terra e ruas da localidade.

Não tínhamos qualquer apoio da secretaria de esportes da cidade e o jeito era usar calçados usados, que eram doados para nós. Mas isso não impediu que ganhássemos destaque nas corridas durante dois anos consecutivos. Estávamos sempre em primeiro lugar nas categorias. Como sempre fui baixo em relação aos meus colegas da minha idade e sempre havia uma certa desconfiança. Mas quando eu subia no pódio ouvia que eu era o Davi contra os Golias… Foram momentos marcantes na minha vida.

Mas infelizmente fiquei mais de 15 anos sem correr e voltei agora no finalzinho de 2022. Já participei de algumas corridas e treinões solidários.  Minha rotina inclui treinos pela manhã na pista do estádio aqui da cidade de segunda a sexta. Final de semana faço o treino longo no asfalto.

Meus planos para os próximos anos é seguir correndo, assim como nosso Deus permitir com vida e saúde.  Entrei 2023 firme nos meus objetivos e o principal deles é correr contra mim mesmo. Pretendo correr as 10 milhas da Garoto, a Volta da Pampulha, Corrida das Estações e a São Silvestre.

Mas as provas não são a parte mais importante e sim o que a corrida representa: saúde, superação, alegria e vida. Quem corre sorri mais; quem corre faz novas amizades; quem corre se cuida…

A corrida faz você sentir quais são os seus limites e até onde você consegue chegar. E depois da chegada você só pensa em ir mais longe. E assim você vai tocando a vida: se superando e indo cada vez mais longe.

Eu perdi um amigo chamado Flávio, que era o maior atleta da minha cidade… Como as oportunidades de trabalho aqui eram poucas na época, ele estava trabalhando em lavouras de café em outra cidade, a 13 quilômetros de distância. Um dia ele ia correndo e voltava de caminhão… E no outro dia ele ia de caminhão e voltava correndo! E mesmo correndo ele sempre chegava antes do caminhão. Sempre que lembro bate uma saudade e parece que o escuto me incentivando.

Infelizmente uma fatalidade tirou sua vida. Ele estava treinando para uma prova importante no Rio de Janeiro e justamente em um dia em que ele não foi correndo, o caminhão perdeu o freio e bateu em uma árvore. Ele ficou internado e faleceu no dia em que ia correr.

Os anos se passaram e uma camiseta que ele sempre usava chegou em minhas mãos e quando a olho parece que o vejo nela. Isso me fez refletir e voltar a correr para honrar a memória de quem tanto amou a corrida… “

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Jornalista, pai e corredor. Vê a corrida como uma ferramente para fazer a vida fazer sentido. Não se preocupa em ser rápido, nem com a chegada. O que importa é o caminho...

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