As únicas corridinhas que o representante comercial Rodney de Sando, de 56 anos, dava até o início de 2015 eram nos campinhos de futebol de Marília-SP. Coisa do passado. Por que hoje, Rodney é adepto das corridas de rua, dos treinos com a MLF. E acaba de juntar à coleção de medalhas a de sua primeira maratona, feita em 3h56min, no último domingo em Sorocaba. Uma conquista que certamente vai ocupar um lugar de destaque na coleção que começou em 29 de março de 2015, na Corrida da Longevidade Bradesco, de 6K.
“Sempre gostei de jogar futebol. Nunca pensei em correr. Nos primeiros dias de corrida eu treinava aleatoriamente. Não tinha muito tempo para isso por causa do trabalho. Quando dava e eu não estava jogando futebol, saía correndo pelas ruas sem noção alguma do que estava fazendo”, conta Rodney.
E foi mais ou menos com esta sensação que Rodney chegou para sua primeira corrida em 2015. Seu condicionamento para aquela prova era apenas o adquirido nas peladas com os amigos. Mesmo assim aceitou o convite de um deles para correr os 6K.
“Quando cheguei no local da prova e vi todos aqueles corredores pensei:’o que eu estou fazendo aqui?’ O Paulo Cesar Moreira, o amigo que me convenceu a correr, já era veterano. Tinha participado de muitas corridas, entre elas seis maratonas. Aí minhas dúvidas cresciam ainda mais. Completei a prova em 28 minutos e achei que tinha me saído muito bem. Peguei gosto pela corrida, mas não abandonei o futebol. Continuava jogando duas vezes por semana achando que ajudava a adquirir um condicionamento melhor”, conta Rodney.
Mas não demorou muito e a paixão pela corrida exigiu exclusividade de Rodney, que foi apresentado ao treinador Marcos Renatto, o Alemão, da MLF Assessoria Esportiva.
“Acho que me apaixonei na chegada da Corrida da Longevidade. Logo que conheci a MLF comecei a seguir as planilhas, abandonei o futebol e passei a me dedicar somente à corrida. A cada prova queria sempre mais. Participei de diversas corridas de 5 e 10K antes de partir para a minha primeira meia maratona, que na verdade foram os 23K de Igaratá”, diz o corredor, que depois correu as meias de São Paulo, Londrina, Avaré e Foz do Iguaçu.
Até correr esta série de meias – no espaço de um ano – Rodney pensava na maratona, mas sem achar possível corrê-la. Parecia algo distante. Mas as meias, mais os 23K de Igaratá, encheram o corredor de confiança e um belo dia ele deu a notícia ao treinador: estava inscrito na Maratona de Sorocaba.
“O Alemão coçou a cabeça e perguntou: ‘é isso mesmo que você quer?’ Eu disse que sim e aí começaram os treinos. Foram quatro meses de preparo seguindo as planilhas online. Às vezes dava meus perdidos sem o Alemão saber, mas alguém via e contava pra ele. Mudei radicalmente minha alimentação para que o meu preparo desse resultado. E em todos os momentos, principalmente nos treinos longos, sempre tive o apoio da minha esposa”, revela Rodney.
A rotina de trabalho teve que se ajustar, com a inclusão dos treinos de corrida em seu dia-a-dia. Assim como a vida em família. Nada que um maratonista não dê conta.
“Faço meus treinos em horários alternados devido ao trabalho, mas a corrida é algo que já faz parte da minha vida. Mesmo com meus compromissos sempre procuro encontrar um tempo para treinar. Não importa se está sol ou se está chovendo. Se é dia ou noite. Eu estou lá. E com a MLF e as planilhas do SisRUN, o suporte dos treinadores, antes e depois dos treinos, eu fui evoluindo, melhorando meu pace. Tudo isso nos dá segurança”, completa Rodney.
Mas o tempo ia passando, o dia da maratona chegando e a ansiedade aumentando. E acabou indo para a conta dela alguns “perdidos” que Rodney fez nas últimas semanas pré-maratona. Treinos e provas que poderiam ter custado caro.
“A minha ansiedade era tanta que eu queria saber se estava preparado para o grande dia. Corri o risco fazendo diversas loucuras, uma atrás da outra, literalmente. No dia 01/11 corri 10K e no dia seguinte fiz um treino de 42K. No dia 12 fiz uma prova de 7K de floresta em Assis-SP. Fiquei em segundo na faixa etária. Mas acho que a maior loucura foi ter me inscrito para os 10K na véspera da maratona. Estava muito ansioso. Corri no sábado e fui o segundo na categoria”.
Rodney acreditava que correndo poderia aplacar a ansiedade. Mas estava a poucas de largar para a realização de um sonho e a tal ansiedade só aumentava.
“O coração estava a mil. Mas veio a largada. Um percurso difícil, com muita subida, mas jamais pensei em desistir. Fui administrando meu ritmo e no km 35 bateu um desespero. Eu me perguntava o que estava fazendo ali. O pessoal de apoio incentivava e eu me animei de novo. A felicidade ao cruzar a linha de chegada foi algo inexplicável. Minha esposa estava me aguardando e comemoramos juntos a chegada. Fechei a prova em 3h56min. A ficha caiu na hora que eu sentei e pensei: ACABOU, UFA! Momentos depois veio à minha cabeça: que venha a próxima!”