A bancária Fernanda Petri, 36 anos, mora em Florianópolis-SC e começou a correr em setembro de 2020, mas sua relação com a corrida nasceu em abril de 2019, através da fotografia. Cantora e fotógrafa nas horas vagas, Fernanda completa em setembro, dois anos de vida. Sim, isso mesmo, dois anos! Confira!

“Sempre gostei e já pratiquei muitos esportes. Também tive algumas fases sedentárias, pois estava mais focada em outros aspectos da vida e por vezes descuidei da saúde. Em abril de 2019 fui como fotógrafa acompanhar uma equipe de corrida na Patagonia Run e fiquei encantada com tudo! Voltei de lá apaixonada pelo lugar, cenário, atmosfera e organização da prova. A sementinha estava plantada. Mas em outubro de 2019 tive um acidente de elevador (queda de 10 andares) e algumas lesões. Vieram alguns quilos extras e os planos de corrida foram adiados.

Em março de 2020, recuperada das lesões, veio o convite do trabalho de mudar de Porto Alegre para Florianópolis e junto, a pandemia. Eu estava em obesidade grau II, o que me colocava como grupo de risco. Mas uma certeza eu tinha: depois de sobreviver ao susto da queda de 10 andares de elevador, eu não ia me entregar para a covid por negligência com a saúde. Estava na minha mão fazer esta mudança.

Em março mesmo, entrei em isolamento e alterei primeiro meus hábitos alimentares. Nada de dieta restritiva, louca ou remédios. O foco era realmente ganhar saúde e um bom sistema imunológico, não um emagrecimento rápido, feito de qualquer forma.

Em setembro de 2020, as vésperas de completar um ano do acidente, morando em Floripa, com uma beira mar extremamente convidativa a fazer exercícios ao ar livre, achei que seria simbólico celebrar meu “aniversário de vida” (marquei a data do acidente) entrando para uma assessoria de corrida. Contatei então o Alex Tomé, por indicação de uma amiga que já treinava com ele.

O Alex já correu a Patagonia Run, então quando falei pra ele que eu queria fazer esta prova, nos identificamos. A pretensão inicial lá em 2020, era me inscrever na distância de 10km. Pois até então, eu não corria nem 1km. Comecei com um objetivo modesto.

Fiz meus primeiros 5K em 2020, em 59 minutos. No dia fiquei feliz por ter completado a distância em menos de 1h. Para abril deste ano agendei com meu treinador um desafio pessoal (já que as provas oficiais estavam em sua maioria suspensas), para fazer meu tempo mais rápido e completei a mesma distância, em 36 minutos.

O volume de treinos cresceu bastante nestes nove meses. Saí do zero, para um total de 80km de volume de treinos em um único mês – minha marca de junho.

Hoje, eu treino de três a quatro vezes na semana. De segunda a sexta, para conciliar com jornada de trabalho e outros compromissos, os treinos costumam ser no plano e distâncias que variam de 4 a 8K. Já nos finais de semana, costumo ir para trilhas e montanhas, treinar com altimetria em distâncias de 10K ou mais.

A corrida veio muito forte como mudança de estilo de vida e foco na saúde, e eu a coloquei como prioridade na agenda. Então eu diria que a disciplina neste caso vem antes da motivação. Eventualmente acontece de falhar um treino, por surgir algum imprevisto no trabalho, na vida; mas é raro e procuro compensar este treino assim que possível.

Observar a evolução de resultados, tanto na performance de progressão de tempos e distâncias, e também a melhora do fôlego e do corpo, contribuem pra me manter disciplinada. Porque é uma satisfação enorme, fazer a retrospectiva dos meus últimos dois anos e ver quanta coisa mudou e melhorou de lá pra cá.

Nem sempre saio de casa feliz da vida e motivada para treinar. Tem aqueles dias que vou pelo compromisso e por saber dos benefícios. No entanto uma coisa é certa: a satisfação no retorno dos treinos, é sempre garantida! Sensação de dever cumprido, comigo, com minha saúde e todo o bem estar que a prática esportiva traz pra mente e pro corpo.

E a assessoria do Alex Tomé tem sido fundamental, para eu fazer a progressão respeitando os limites do meu condicionamento físico em cada momento. Os feedbacks e o acompanhamento do treinador, fazem toda diferença. Tenho um perfil muito competitivo, então logo que comecei, todo treino eu queria fazer num tempo menor que o anterior. Se eu não tivesse o Alex me assessorando, observando esta característica e me orientando, provavelmente eu teria me lesionado por treinar com a intensidade inadequada.

Foi com a assessoria que aprendi a importância de ter treinos com características diferentes. Intervalados, fartlek, intensidade leve, moderada, forte, no plano ou com altimetria… Adoro conferir a planilha de treinos sempre que é liberada no SisRun, pra descobrir quais os treinos propostos para o período.

Depois que parei para fazer a conta de quantos km eu estava treinando por mês e me deparar com a marca de 80k em junho, me deu um orgulho muito grande da trajetória que estou traçando. Um sentimento de: “UAU, se eu já tô correndo 80km de volume no mês, então eu posso qualquer coisa!”. Me senti poderosa!

Acredito que as superações no esporte e dos nossos limites físicos trazem este sentimento. Só sei que quero ir cada vez mais longe, desfrutando deste sentimento de conquista e liberdade que sinto enquanto corro. Quando o terreno permite, chego a fechar os olhos por alguns segundos, pra curtir a brisa batendo no rosto durante a corrida. É uma sensação que recomendo.

Durante a pandemia, por ser grupo de risco, eu queria sair do sedentarismo, mas sem me expor em práticas esportivas em ambiente fechado. A corrida era o esporte perfeito! Individual e ao ar livre. E ainda sou privilegiada pelo local que moro oferecer natureza farta para trilhas, montanhas e treinos a beira mar.

Estou trabalhando em home office e seguindo o isolamento, então os treinos são os meus passeios. A oportunidade de sair de casa, em segurança, sem aglomerar, pra curtir a conexão com a natureza e praticar um esporte que faz bem ao corpo e à mente.

Depois de correr 80km de volume em junho, agora fiquei com vontade de fazer 100km em algum mês deste segundo semestre! Quero agendar datas para novos desafios pessoais também, e fazer novos recordes de tempo nos 5 e 10 km. Em breve devo me inscrever em provas oficiais. Como muitas foram canceladas ou prorrogadas, prefiro aguardar o cenário da pandemia melhorar um pouco mais, e também estar vacinada, para então pensar em provas oficiais.

E a longo prazo a Patagonia Run é a meta! A diferença é que quando estive de fotógrafa na prova em 2019, e quando comecei a correr em 2020… eu pensava em me inscrever na distância de 10K. Agora, com o passar dos meses na pandemia e com evolução constante nos meus treinos, já estou mais ousada e me preparando para me inscrever nos 21K!

O universo de corridas é recente pra mim, mas já se tornou parte da minha vida. Pós pandemia, tenho certeza que vou explorar o calendário de provas e desbravar muitas montanhas por aí! A corrida de rua me atrai e certamente farei umas provas também. Mas é o trail que no momento tem meu coração!”

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Jornalista, pai e corredor. Vê a corrida como uma ferramente para fazer a vida fazer sentido. Não se preocupa em ser rápido, nem com a chegada. O que importa é o caminho...

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