Seis meses! É o tempo da curta história de Bruna Karina Zanardi, 31 anos, com a corrida! Curta, mas nem por isso menos intensa ou apaixonante. Bruna é agente de organização escolar e treina com a RM Assessoria em Ubatuba-SP, onde mora.  Confira!

“Por incrível que pareça, comecei a correr por causa da pandemia. Meu noivo já corria um pouco, acabei indo junto em algumas ocasiões e peguei gosto. Com a pandemia acabávamos saindo em horários alternativos, tipo depois das 22h, para tomar um ar, esticar as pernas, sair um pouco do apartamento. Era como entrar em um cenário de “The walking dead” (risos). Muito sinistro!

Comecei fazendo caminhadas mais rápidas, trotes alternados com caminhada, até que um dos dias eu consegui correr pela minha rua inteira até a orla (1km) sem parar. Esse dia eu fiquei muito feliz, daí comecei postar no meu Instagram as minhas conquistas diárias, quebras, rotina e aquisições de produtos voltados para a corrida e que eu consigo me adaptar melhor, já que tudo é feito para pessoas ‘dentro do padrão’.

Como sou iniciante, só agora meus treinos estão começando a incluir fortalecimento e equilíbrio. Minha assessoria, a RM, envia os treinos semanais pelo Sisrun e também treino duas vezes por semana no estúdio ‘Aloha Namastê’, aqui em Ubatuba. É um treino individual de fortalecimento que visa grupos musculares gerais, mas focando na mecânica da corrida.

A performance na corrida tem melhorado muito depois desse preparo físico. Nos finais de semana ainda estou me privando de sair, pois Ubatuba está ficando cheia de turistas. Não está mais tão segura quanto no início da pandemia. Mas eu costumava fazer treinos mais longos, indo até meu limite para ver o resultado dos treinos da semana. Esses eram meus longões. A meta é ir o mais longe possível.

Com esse negócio de pandemia, só a possibilidade de sair em um lugar mais afastado no fim de semana já me coloca em risco. Então deixei os meus treinos maiores de lado depois do “afrouxamento da quarentena”.
A corrida teve um impacto fora do padrão na minha vida. As pessoas falam sobre qualidade de vida, saúde, etc. Pra mim, além disso, mostrou que eu consigo. Que eu sou normal. Quando você fala pra qualquer corredor que alguém com 120 quilos está correndo existe um preconceito. Já pensam em lesão, que é perigoso, que isso ou aquilo. A minha própria família, quando me ouviu dizendo que eu ia tentar correr, deu um grito falando “NÃO! Tá maluca? Vai se machucar! Você é muito pesada.” Sei que não sou só eu que já ouvi isso.

Acredito que não só nesse segmento do esporte. Seja família, treinador, médico… Sempre tem alguém que, sem uma avaliação prévia, vai dizer pra alguém acima do peso que ele não pode fazer alguma coisa. É por isso que a maioria das pessoas fora do padrão continuam paradas. Eu resolvi não dar ouvidos. Hoje tenho as mesmas dificuldades que qualquer outro corredor iniciante tem: manter pace, hidratação, fortalecimento dos grupos musculares, etc. 

A corrida me ajuda na depressão, também. Diminuí as doses de medicamentos. Procurei uma nutricionista esportiva pra me instruir a repor tudo o que gasto com o esporte. Comecei a regrar melhor meus horários na rotina para encaixar minhas corridinhas. Minha rotina teve uma reviravolta significativa em função da corrida. Um esporte com menor esforço ou impacto não me traria essas necessidades de mudança.

Atualmente meus objetivos se resumem na evolução da minha resistência cardiorrespiratória. Futuramente pretendo entrar em provas, quando tudo isso passar, e evoluir para os 100k no frio, no nordeste ou uma Comrades… Quem sabe?!

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Jornalista, pai e corredor. Vê a corrida como uma ferramente para fazer a vida fazer sentido. Não se preocupa em ser rápido, nem com a chegada. O que importa é o caminho...

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